Guerra entre Irã, Israel e Estados Unidos: impactos no preço dos combustíveis e carros novos no Brasil
O conflito entre Irã, Israel e Estados Unidos tem causado forte instabilidade nos mercados internacionais, principalmente no setor de energia.

Com o aumento no preço do petróleo e os riscos geopolíticos envolvendo o Estreito de Ormuz por onde passa cerca de 20% de todo o petróleo mundial os reflexos já começam a ser sentidos no Brasil, especialmente nos preços dos combustíveis e nos custos do setor automotivo.
Como a guerra afeta o bolso do consumidor brasileiro, especialmente quem pensa em comprar um carro novo?
Por que o petróleo sobe em tempos de guerra?
O Oriente Médio é um dos maiores polos de produção e exportação de petróleo do mundo. Quando há tensão militar entre potências como Irã, Israel e EUA, o mercado reage com medo de desabastecimento. O resultado é a alta no barril de petróleo tipo Brent, que ultrapassou os US$ 81 após ataques diretos no mês de junho de 2025.
Especialistas já preveem que, caso o Estreito de Ormuz seja bloqueado, o barril pode passar dos US$ 100, o que causaria um verdadeiro efeito cascata nos preços dos combustíveis em todo o mundo — incluindo o Brasil.
Como isso afeta os combustíveis no Brasil?
Mesmo sendo um produtor de petróleo, o Brasil importa parte dos combustíveis e segue os preços do mercado internacional. Quando o petróleo sobe:
- Gasolina e diesel ficam mais caros, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde há maior dependência de importadoras.
- Etanol também sobe, para manter competitividade com a gasolina.
- A Petrobras segura reajustes no curto prazo, mas pode ser obrigada a aumentar os preços se a crise continuar.
Preços médios atuais (junho/2025):
- Gasolina comum: R$ 6,20 por litro
- Etanol: R$ 4,00 por litro
- Diesel: R$ 3,17 nas refinarias, podendo chegar a R$ 3,59 em regiões mais afetadas
Se o petróleo permanecer acima de US$ 80 por muito tempo, a tendência é de reajustes generalizados nas bombas.
Qual o impacto nos carros novos?
A guerra não influencia apenas o combustível. Ela também interfere indiretamente nos preços dos veículos novos, por causa de três fatores principais:
1. Aumento no custo de produção
- Materiais como aço, alumínio e plásticos derivados do petróleo ficam mais caros.
- O frete sobe com o diesel mais caro.
- Isso pressiona as montadoras a repassarem os custos para o consumidor.
2. Dólar mais caro
- A incerteza internacional fortalece o dólar e enfraquece o real.
- Veículos e peças importadas ficam mais caras.
- Isso pode afetar principalmente modelos de marcas estrangeiras e os carros fabricados com componentes do exterior.
3. Financiamento mais difícil
- Alta nos combustíveis pode pressionar a inflação.
- Isso dificulta cortes na taxa Selic e mantém o crédito caro.
- Resultado: menos pessoas conseguem financiar um carro novo, o que desacelera o mercado.
As montadoras vão aumentar os preços?
Ainda não há anúncios de aumentos imediatos por parte das montadoras. Porém, algumas marcas já aplicaram reajustes no início de 2025, com modelos subindo até R$ 9 mil. Se o cenário se agravar, é possível que:
- Novos aumentos aconteçam, especialmente em SUVs e importados.
- As montadoras passem a valorizar carros mais econômicos e híbridos.
- Concessionárias usem promoções e condições especiais para manter as vendas.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a Fenabrave (Federação dos Distribuidores) ainda não revisaram as projeções para 2025, mas acompanham o cenário com preocupação.
E o consumidor, o que deve fazer?
✅ Para quem quer comprar carro novo:
- Compare preços agora: promoções podem acabar se os custos aumentarem.
- Dê preferência a modelos econômicos: híbridos ou com bom consumo de combustível.
- Avalie o custo total: consumo, manutenção, IPVA e seguro também contam.
✅ Para quem está esperando:
- Acompanhe o cenário do petróleo nas próximas semanas.
- Se os preços se estabilizarem, o mercado pode se ajustar sem grandes sustos.
- Evite trocar de carro por impulso se o modelo atual ainda atende bem.
O conflito entre Irã, Israel e Estados Unidos representa uma ameaça real ao equilíbrio dos preços globais de energia. No Brasil, os efeitos mais visíveis são o aumento no custo dos combustíveis e a pressão inflacionária no setor automotivo, especialmente nos carros novos.
Por enquanto, os reajustes são pontuais e regionais, mas a tendência é de alta se o barril de petróleo permanecer elevado. A recomendação é que o consumidor fique atento, planeje suas decisões e, se possível, antecipe a compra de veículos ou combustível antes que o impacto se torne mais forte.