Honda e Nissan voltam a negociar fusão após troca de CEO; entenda o que pode mudar no setor automotivo
A possível união entre Honda e Nissan, duas das maiores montadoras do Japão, voltou a ser pauta estratégica no setor automotivo.

Após negociações interrompidas no início do ano, a recente troca de comando na Nissan reacendeu as conversas sobre uma parceria ou até mesmo uma fusão, em meio a um cenário global desafiador.
Um acordo que quase saiu, mas travou no último minuto
No final de 2024, Honda, Nissan e Mitsubishi assinaram um memorando de entendimento para a criação de uma holding conjunta até 2026. A proposta era clara: formar um grupo forte o suficiente para competir com os gigantes globais, tornando-se a terceira maior montadora do mundo.
No entanto, em fevereiro de 2025, as conversas foram interrompidas. O motivo: a Honda propôs transformar a Nissan em sua subsidiária direta, algo rejeitado pelos executivos da Nissan, que viram a medida como uma perda de autonomia.
O que mudou com o novo CEO da Nissan?
Em abril de 2025, Ivan Espinosa assumiu a presidência da Nissan. Com um perfil mais pragmático e aberto a alianças estratégicas, Espinosa implementou mudanças importantes:
- Fechamento de sete fábricas
- Corte de cerca de 20 mil funcionários
- Redução de custos operacionais
Além disso, sinalizou publicamente que está disposto a retomar conversas com a Honda, afirmando que “não há mais tabus” quando se trata de fortalecer a posição da Nissan, especialmente nos Estados Unidos.
Crise financeira e pressão externa
A Nissan enfrenta uma crise aguda, com prejuízo estimado em 500 milhões de dólares no último ano fiscal. A montadora também sofre os efeitos das tarifas americanas, da concorrência crescente das montadoras chinesas e da perda de mercado em regiões-chave.
Esses fatores aumentam a pressão por soluções rápidas e sustentáveis. Uma aliança com a Honda pode representar justamente esse respiro estratégico.
As novas condições para a reaproximação
Um dos entraves anteriores era a liderança da Nissan. A Honda havia deixado claro que só retomaria as negociações caso o então CEO, Makoto Uchida, deixasse o cargo. Com sua saída e a chegada de Espinosa, as condições mudaram.
Agora, o formato da parceria pode incluir:
- Desenvolvimento conjunto de carros elétricos e híbridos
- Compartilhamento de plataformas, fornecedores e centros de produção
- Criação de fábricas compartilhadas nos Estados Unidos
- Atuação conjunta em lobby contra tarifas e restrições comerciais
Riscos, críticas e alternativas
Apesar da reaproximação, há desafios. O ex-CEO Carlos Ghosn classificou a possível fusão como um movimento de "modo pânico", destacando as diferenças culturais e operacionais entre as empresas.
A Nissan também está em conversas com outras empresas, como Foxconn e Toyota, além de considerar parcerias com fundos de investimento para diversificar suas opções estratégicas.
Linha do tempo
Data | Evento |
---|---|
Dez/2024 | Honda, Nissan e Mitsubishi assinam memorando de fusão |
Fev/2025 | Negociações são interrompidas |
Abr/2025 | Ivan Espinosa assume o comando da Nissan |
Jun/2025 | Conversas com a Honda são oficialmente retomadas |
A possível união entre Honda e Nissan ganha novo fôlego em um momento decisivo para a indústria automotiva. A combinação de desafios financeiros, mudanças de liderança e pressão geopolítica pode levar as montadoras japonesas a uma parceria inédita.
Se concretizado, esse acordo pode reposicionar o Japão no centro da disputa global pela liderança na era dos veículos elétricos, conectados e autônomos.