Stellantis prepara mega-investimento de R$ 50 bilhões nos EUA para recuperar espaço perdido

A Stellantis, dona de marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, deve anunciar em breve um dos maiores pacotes de investimento já feitos por uma montadora estrangeira nos Estados Unidos. Segundo fontes ligadas ao setor, o valor pode chegar a US$ 10 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões), em um movimento que busca reconquistar a relevância perdida na América do Norte e, ao mesmo tempo, driblar os efeitos do tarifaço imposto por Donald Trump.
Mudança de rota e foco em lucratividade
O novo plano vem quatro anos após a fusão que criou a Stellantis. Agora, sob a liderança do CEO Antonio Filosa, a companhia pretende recalibrar seus investimentos e fortalecer operações em mercados estratégicos. O foco está em Illinois e Michigan, com possíveis reaberturas de fábricas, geração de empregos e novos modelos da Jeep — marca considerada essencial para recuperar prestígio.
Além da Jeep, há conversas internas sobre reforçar marcas tradicionais como Dodge e Chrysler, que perderam espaço nos últimos anos.
Estratégia alinhada a Trump
Assim como outras gigantes do setor, a Stellantis busca agradar o governo Trump com novos aportes em território americano. A medida pode suavizar impactos de uma tarifa de até 25% sobre veículos fabricados no México, especialmente picapes da linha Ram.
O investimento também pode destravar a produção de uma nova picape de médio porte em Belvidere, Illinois, atendendo a um pedido antigo do sindicato United Auto Workers (UAW) e da própria Casa Branca.
Pressão sobre a Europa
Enquanto direciona bilhões para os EUA, a Stellantis enfrenta turbulências no mercado europeu. O excesso de capacidade, somado à baixa demanda por modelos como Fiat Panda e Alfa Romeo Tonale, levou a paralisações em fábricas e aumentou a tensão com sindicatos.
A decisão de priorizar os EUA preocupa trabalhadores na Itália e na França, que temem cortes de empregos e fechamento de plantas. Filosa já marcou reuniões com representantes sindicais, em meio a cobranças para cumprir as promessas de manter a produção em solo europeu.
Cenário automotivo em transformação
O desafio da Stellantis não se limita às tarifas americanas. A montadora também encara a pressão de marcas chinesas, como a BYD, que avançam no mercado com carros elétricos de preço competitivo.
Enquanto isso, alguns projetos na Europa foram suspensos, incluindo a joint venture de hidrogênio com a Michelin e a Forvia SE. Além disso, há rumores de venda do negócio de mobilidade Free2move, o que reforça a ideia de uma reestruturação profunda.
O que está em jogo
O pacote bilionário pode marcar uma virada de página para a Stellantis. Recuperar espaço nos EUA é vital para aumentar margens de lucro e enfrentar a concorrência em um cenário global cada vez mais competitivo.
Se confirmada, a decisão mostrará que a Stellantis está pronta para redefinir seu papel no mercado automotivo mundial, mesmo que isso signifique sacrifícios na Europa para garantir força nos Estados Unidos.